Entendendo a inflação médica

A Variação de Custo Médico-Hospitalar (VCMH), também chamada de inflação médica, é um indicador que traduz quanto variou o custo per capita das operadoras e seguradoras de saúde num período de 12 meses, em relação aos 12 meses anteriores. Em outras palavras, se somarmos todas as despesas envolvidas na prestação de serviços de saúde (internações, exames, consultas, procedimentos, etc.) e dividirmos pelo número de beneficiários da operadora, teremos o Custo Médico-Hospitalar (CMH) de um dado período. A VCMH, por sua vez, é a variação percentual anual desse custo.

É muito importante compreender como se calcula a VCMH pois ela interfere diretamente em todo o ecossistema de saúde suplementar — operadoras/seguradoras de saúde, corretoras, empresas/entidades contratantes — e, sobretudo, os beneficiários, já que a VCMH compõe parte do índice de reajuste nos contratos.

Observe que a composição do custo médico-hospitalar não depende apenas do valor unitário dos serviços e produtos, mas também da frequência de utilização. Ela é resultado do produto Preço x Utilização num dado período. Isso explica certas sazonalidades no cálculo da inflação médica, ora impactada por um aumento/redução de preços dos serviços, ora impactada por um aumento/redução em sua frequência de utilização.

A VCMH é cálculado por cada operadora de saúde e validada pela ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar). Além disso, o IESS (Instituto de Estudos em Saúde Suplementar) calcula um índice VCMH/IESS usando uma base amostral de beneficiários de planos de saúde individuais e alguns ajustes matemáticos para reduzir a interferência de fatores como categoria dos planos de saúde sobre o valor calculado.

Com a pandemia de COVID-19, a VCMH foi negativa, o que é explicado pelo adiamento de consultas e procedimentos eletivos. Passada a fase mais crítica da pandemia, contudo, a VCMH voltou a apresentar valores positivos, seguindo sua tendência geral histórica. Tomando como data-base o mês de junho/2021, a VCMH/IESS foi de 18,2% (versus -1,7% em fevereiro/2021).

Veja no gráfico abaixo a série histórica da VCMH/IESS comparada ao índice de inflação IPCA/IBGE:

Série histórica da VCMH/IESS e IPCA/IBGE em variação de 12 meses. Fonte: IESS (https://www.iess.org.br/vcmh/24o-vcmhiess)

Tradicionalmente, a VCMH é superior à inflação. Vários fatores explicam esse achado, dentre eles, o fato de a VCMH sofrer influência não apenas dos preços, mas também da frequência de utilização dos serviços (diferente dos índices de inflação isolados). Além disso, podemos elencar:

  • A incorporação progressiva de novas tecnologias em saúde, que tendem a encarecer os serviços e, em alguns casos, elevar sua frequência de utilização;
  • O envelhecimento populacional, aumentando a prevalência de doenças e de utilização de procedimentos de alto custo;
  • O sedentarismo, a obesidade e os maus hábitos em geral, que contribuem para aumentar o risco de doenças crônicas e agudas.

A VCMH é muito afetada pelos custos com internações hospitalares, uma vez que estas representam a maior parcela da composição de custos médico-hospitalares das operadoras:

Peso de cada item de despesa assistencial na composição da VCMH/IESS (%) em junho de 2021. Fonte: IESS (https://www.iess.org.br/vcmh/24o-vcmhiess)
Série histórica do VCMH/IESS por item de despesa. Fonte: IESS (https://www.iess.org.br/vcmh/24o-vcmhiess)

Aqui na Lean Saúde nós damos especial atenção à gestão das internações de alta e média complexidade, pois compreendemos quão impactante elas são para todo o ecossistema de saúde. Visite nossa página para conhecer como podemos ajudar operadoras, seguradoras, corretoras e empresas privadas neste segmento.